sábado, 29 de setembro de 2012

Saudações de Dom Vilson aos participantes do 1º Simpósio de Animação Bíblico da Pastoral


Quero saudar a todos os irmãos e irmãs, presbíteros, religiosas/os, diáconos, leigos/as, seminaristas, assessores/as vindos a este Simpósio de Animação Bíblica da Pastoral, organizado e articulado pela Comissão de Bíblia e Catequese do nosso querido Regional Sul 1 da CNBB, de 28 a 30 de setembro de 2012, na grande metrópole de São Paulo.

Em nosso Brasil, com grande criatividade, multiplicaram-se experiências de serviço missionário sustentadas pela Palavra. Muitas comunidades conservaram-se vivas e dinâmicas alimentadas somente pela Palavra. O Espírito Santo sustentou toda esta vitalidade. O que se propõe a seguir são linhas de ação orientadas a um novo passo: a animação bíblica de toda a pastoral.

Primeiramente é preciso reconhecer que os interlocutores da ação pastoral são sujeitos e não somente destinatários. De fato, não recebem a Palavra para guardá-la para si mesmos, mas para anunciá-la (cf. Is 50,4). Como recorda o Senhor: “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados” (Mt 10,27). Sendo assim, interlocutores da animação bíblica da pastoral são todos os membros do Povo de Deus: os leigos, enquanto presença da Palavra de Deus em forma de “fermento na massa”; os consagrados enquanto presença da Palavra de Deus na vivência dos conselhos evangélicos; os ministros ordenados enquanto presença da Palavra de Deus no exercício do tríplice múnus de ensinar, santificar e governar. Todos os membros do Povo de Deus, no entanto, são chamados a dar testemunho de acolhida e vivência da Palavra.

Para acontecer uma animação bíblica da pastoral indicamos que se crie alguns espaços importantes tais como: Comissões, com uma organização funcional, que ofereçam uma rede de serviços e ajudas práticas, facilitando a efetiva animação bíblica da pastoral; Equipes de assessoria da animação bíblica da pastoral; e Formação bíblica permanente (no tempo), sistemática (no currículo) e profunda (nos conteúdos) para assessores e multiplicadores da animação bíblica da pastoral.

 No Eixo da Formação: a animação bíblica da pastoral, enquanto Caminho de Conhecimento e Interpretação da Palavra, encontra na catequese seu espaço vivencial, pois “a atividade catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas, como Cristo está vivo hoje, onde duas ou três pessoas se reúnem em seu nome (cf. Mt 18,20). A catequese deve comunicar com vitalidade a História da Salvação e os conteúdos da fé da Igreja, para que cada fiel reconheça que sua vida pessoal pertence àquela história”.[1]

 No Eixo da oração: A animação bíblica da pastoral, enquanto Caminho de Oração com a Palavra e Comunhão, encontra na liturgia seu lugar privilegiado, em que Deus continua hoje a se comunicar com seu povo que escuta e responde. Cada ação litúrgica, por sua própria natureza, está impregnada da Sagrada Escritura. Nela “a Palavra de Deus é celebrada como palavra atual e viva”.[2]

 No eixo do anúncio: A animação bíblica da pastoral, enquanto Caminho de Evangelização e Proclamação da Palavra, nos impulsiona à caridade (cf. 2 Cor 5,14). “A missão da Igreja não pode ser considerada como realidade facultativa ou suplementar da vida eclesial. (...) É a própria Palavra que nos impele para os irmãos: é a Palavra que ilumina, purifica, converte; nós somos apenas servidores. Por isso, é necessário descobrir cada vez mais a urgência e a beleza de anunciar a Palavra para a vinda do Reino de Deus. (...) Não se trata de anunciar uma palavra anestesiante, mas desinstaladora que chama à conversão, que torna acessível o encontro com Ele, através do qual floresce uma humanidade nova”.[3]

No início deste nosso Simpósio recordaria que o Sínodo sobre a Palavra e a Verbum Domini constituem um novo Pentecostes para a Igreja. Que assim aconteça, também, com a acolhida e a prática deste Documento. Nossos bispos nos exortam para que estas linhas de ação influam eficazmente na vida e na missão da Igreja, particularmente na Catequese, na Liturgia e no Testemunho da caridade, contribuindo, assim, para a vivência profunda da Fé, pois sabemos que a “Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela”.[4]

Somos, na verdade, consagrados e enviados para anunciar a todos a Palavra que é Cristo. Tendo-a escutado, respondamos “com a obediência da fé” (cf. Rm 1,5; 16,26) e “o ouvido do coração”,[5] a fim de que as nossas palavras, opções e atitudes “sejam cada vez mais uma transparência, um anúncio e um testemunho do Evangelho”,[6] e vivamos por Ele (cf. 1Jo 4,9).

Temos uma Boa Nova para anunciar ao mundo de hoje: a Palavra de Deus, Jesus Cristo, que está presente entre nós. Ele é mensagem de salvação e de vida. Com São Paulo, não queremos saber nem pregar outra coisa, a não ser Jesus Cristo, para nós sabedoria e poder de Deus (cf. 1Cor 2,2).

Que a intercessão de Maria, modelo de quem viveu a plena obediência da fé e escutou com o ouvido do coração. Ela é o ícone perfeito da fé bíblica, da escuta e do acolhimento generoso e disponível à vontade do Senhor. “A sua fé obediente face à iniciativa de Deus plasma cada instante da sua vida. Virgem à escuta, vive em plena sintonia com a Palavra divina”.[7] Ela teve a vida totalmente modelada pela Palavra.

Que este 1º. Simpósio de animação Bíblica da Pastoral, que declaro aberto nesta noite do dia 28 de setembro de 2012, traga a todos nós, participantes deste evento, luzes de Deus, no sentido de abraçarmos ainda mais a Palavra de Deus em nossa vida e em nossas comunidades espalhadas em nossas dioceses e em nosso Regional. Bom Simpósio e felicidades a todos e todas.
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Referencial da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética – CNBB/Sul 1




[1] VD 74.
[2] VD 52.
[3] VD 93 (cf. 90-98).
[4] Cf. VD 3.
[5] RB Prólogo,1.
[6] Cf. PDV 26.
[7] VD 27.

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