Quero saudar a todos os irmãos e irmãs, presbíteros, religiosas/os,
diáconos, leigos/as, seminaristas, assessores/as vindos a este Simpósio de
Animação Bíblica da Pastoral, organizado e articulado pela Comissão de Bíblia e
Catequese do nosso querido Regional Sul 1 da CNBB, de 28 a 30 de setembro de
2012, na grande metrópole de São Paulo.
Em nosso Brasil, com grande criatividade, multiplicaram-se
experiências de serviço missionário sustentadas pela Palavra. Muitas
comunidades conservaram-se vivas e dinâmicas alimentadas somente pela Palavra.
O Espírito Santo sustentou toda esta vitalidade. O que se propõe a seguir são
linhas de ação orientadas a um novo passo: a animação bíblica de toda a
pastoral.
Primeiramente é preciso reconhecer que os interlocutores da ação
pastoral são sujeitos e não somente destinatários. De fato, não recebem a
Palavra para guardá-la para si mesmos, mas para anunciá-la (cf. Is 50,4). Como
recorda o Senhor: “O que vos digo na
escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o
sobre os telhados” (Mt 10,27). Sendo assim, interlocutores da animação
bíblica da pastoral são todos os membros do Povo de Deus: os leigos, enquanto
presença da Palavra de Deus em forma de “fermento
na massa”; os consagrados enquanto presença da Palavra de Deus na vivência
dos conselhos evangélicos; os ministros ordenados enquanto presença da Palavra
de Deus no exercício do tríplice múnus de ensinar, santificar e governar. Todos
os membros do Povo de Deus, no entanto, são chamados a dar testemunho de
acolhida e vivência da Palavra.
Para acontecer uma animação bíblica da pastoral indicamos que se crie
alguns espaços importantes tais como: Comissões, com uma organização funcional,
que ofereçam uma rede de serviços e ajudas práticas, facilitando a efetiva
animação bíblica da pastoral; Equipes de assessoria da animação
bíblica da pastoral; e Formação bíblica permanente (no
tempo), sistemática (no currículo) e profunda (nos conteúdos) para assessores e
multiplicadores da animação bíblica da pastoral.
No Eixo
da Formação: a animação bíblica da pastoral, enquanto Caminho de
Conhecimento e Interpretação da Palavra, encontra na catequese seu espaço
vivencial, pois “a atividade catequética implica sempre abeirar-se das
Escrituras na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam
sentidas vivas, como Cristo está vivo hoje, onde duas ou três pessoas se reúnem
em seu nome (cf. Mt 18,20). A catequese deve comunicar com vitalidade a
História da Salvação e os conteúdos da fé da Igreja, para que cada fiel
reconheça que sua vida pessoal pertence àquela história”.[1]
No Eixo da oração: A animação bíblica
da pastoral, enquanto Caminho de Oração com a Palavra e Comunhão, encontra na
liturgia seu lugar privilegiado, em que Deus continua hoje a se comunicar com
seu povo que escuta e responde. Cada ação litúrgica, por sua própria natureza,
está impregnada da Sagrada Escritura. Nela “a Palavra de Deus é celebrada como
palavra atual e viva”.[2]
No início deste nosso Simpósio recordaria que o Sínodo sobre a Palavra
e a Verbum Domini constituem um novo
Pentecostes para a Igreja. Que assim aconteça, também, com a acolhida e a
prática deste Documento. Nossos bispos nos
exortam para que estas linhas de ação influam eficazmente na vida e na missão
da Igreja, particularmente na Catequese, na Liturgia e no Testemunho da
caridade, contribuindo, assim, para a vivência profunda da Fé, pois sabemos que
a “Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela”.[4]
Somos, na verdade, consagrados e enviados para
anunciar a todos a Palavra que é Cristo. Tendo-a escutado, respondamos “com a
obediência da fé” (cf. Rm 1,5; 16,26) e “o ouvido do coração”,[5] a fim de que as
nossas palavras, opções e atitudes “sejam cada vez mais uma transparência, um
anúncio e um testemunho do Evangelho”,[6]
e vivamos por Ele (cf. 1Jo 4,9).
Temos uma Boa Nova para anunciar ao mundo de hoje: a Palavra de Deus,
Jesus Cristo, que está presente entre nós. Ele é mensagem de salvação e de
vida. Com São Paulo, não queremos saber nem pregar outra coisa, a não ser Jesus
Cristo, para nós sabedoria e poder de Deus (cf. 1Cor 2,2).
Que a intercessão de Maria, modelo de quem viveu a plena obediência da
fé e escutou com o ouvido do coração. Ela é o ícone perfeito da fé bíblica, da
escuta e do acolhimento generoso e disponível à vontade do Senhor. “A sua fé
obediente face à iniciativa de Deus plasma cada instante da sua vida. Virgem à
escuta, vive em plena sintonia com a Palavra divina”.[7] Ela teve
a vida totalmente modelada pela Palavra.
Que
este 1º. Simpósio de animação Bíblica da Pastoral, que declaro aberto nesta
noite do dia 28 de setembro de 2012, traga a todos nós, participantes deste
evento, luzes de Deus, no sentido de abraçarmos ainda mais a Palavra de Deus em
nossa vida e em nossas comunidades espalhadas em nossas dioceses e em nosso
Regional. Bom Simpósio e felicidades a todos e todas.
Dom
Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo
Referencial da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética – CNBB/Sul 1
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