quarta-feira, 8 de maio de 2013

“Redes sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização”

 47º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS 2013

*Por Diego Santos


Comunicar é dar sentido ao modo de ser e existir


A comunicação social será elevada em prece, de maneira especial pela Igreja Católica no próximo domingo, dia 12 de maio, Solenidade da Ascensão do Senhor, na celebração do 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais. “As redes sociais” é o tema da mensagem escrita pelo Papa Emérito Bento XVI, divulgada no dia 24 de janeiro desse ano, na memória litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. Vivemos numa época de transformações mediadas pelas novas tecnologias da comunicação, plataformas e aplicativos digitais. Sendo assim, as redes sociais fazem parte do cotidiano das pessoas. 

Desse modo, a Igreja reconhece ser um espaço importantíssimo para a propagação da verdade e da fé e ser ainda um “novo areópago para a evangelização”, como afirmou o Beato João Paulo II. Entretanto, nem sempre as redes sociais são utilizadas para uma comunicação que gera a vida. Imersa no mundo caótico e sem sentido, essas plataformas digitais são descaracterizadas da sua função social de promover a dignidade humana e os princípios cristãos. 

Seja por um comentário que se faz ou por uma imagem que se coloca, há nitidamente que algumas pessoas estão equivocadas ao apropriar-se desse ciberespaço. De modo que, ao contrário, as redes sociais podem e devem ser canais de comunicação que unam as pessoas, partilham informações, fortaleça amizades, promova importantes discussões sobre as várias instâncias da vida humana, que realmente, facilite a comunhão. Sabemos que a pessoa que tem o conhecimento detém o poder, e quem compartilha, influencia e transforma de alguma forma a vida das outras pessoas e a realidade que as cerca. Esse conhecimento deve estar fundamentado nos valores que parecem estar esquecidos na atualidade, e a mensagem para esse dia, novamente enaltece: a autenticidade. Hoje em dia é difícil falar em veracidade, transparência e honestidade. Os dramas e conflitos que assistimos que acontecem na vida humana enfatizam cada vez mais o niilismo.

Tendo em vista a temática da mensagem para essa celebração, somos convidados a refletir sobre a nossa presença no mundo digital. Filosoficamente falando, será que realmente somos e existimos nas redes sociais? Ou seja, será que realmente eu sou aquilo que comunico? Será que a minha existência no ciberespaço é significativa? Muitas vezes aparentamos ser e fingimos estar.

Vivemos no mundo das aparências, cuja lógica defende que não basta ser, mas precisa parecer ser. Logo, há uma complexidade em definir os conceitos ser, existir e estar nesse contexto tecnológico. A pós-modernidade com a globalização e as teorias antropológicas da complexidade gera veementemente a indiferença nas pessoas. Em nossas relações humanas somos mecânicos, convenientes, interesseiros e miméticos. Ações que, por sua vez, não expressam vida, amor, esperança e solidariedade.

Ao passo que as redes sociais são alimentadas pelos anseios que brotam do coração das pessoas, devemos cultivar princípios que condizem com a nossa essencialidade e espiritualidade, isto é, que expressem o sentido do nosso modo de ser e da nossa existência. A espiritualidade é uma virtude que pode ser vivida e testemunhada na e pelas redes sociais e ajudar a difusão desses valores. Todavia, busca-se uma vida cada vez mais efêmera, fluida e líquida, influenciada pela cultura do consumo hedonista, do mecanicismo e do mercantilismo, prescindindo da dimensão espiritual. 

São perceptíveis as pessoas que cultivam uma vida de fé alicerçada pela oração, tanto no seu modo de falar e ver a realidade e como no seu agir na sociedade. O contrário também logo se percebe, pessoas que não possuem uma espiritualidade, um princípio de fé ou de vida, apresentam atitudes que não vem de Deus e um discurso denunciatório que a todo o momento julga as pessoas e a realidade, e no final não promovem nenhuma ação beneficente para reverter a mediocridade e a opressão. 

Convivemos com pessoas que falam, mas não comunicam, fazem, mas não agem com sinceridade e caráter. A violência e os conflitos entre as pessoas e os países estão correlacionados com a falta dessa espiritualidade, a falta de Deus no coração humano e de suas ações. Ao celebrar o Ano da Fé no cinquentenário do início do Concílio Ecumênico Vaticano II, somos convidados como cristãos a refletirmos sobre a nossa espiritualidade. O grande convite da Igreja é que o encontro pessoal que tivemos com Jesus Cristo, de fato nos leve constantemente a uma vida de fé convicta e verdadeira que resulta no serviço aos irmãos e as irmãs, especialmente os mais pobres, como nos recorda o estimado Papa Francisco. 

“Devemos sair dos grandes centros urbanos e percorrer as periferias”, lembra o sucessor de Pedro. Sendo assim, somos chamados a sair do mundo da aparência, da superficialidade, do sensacionalismo e dos espetáculos e adotarmos posturas que nos levem a ações profundas, concretas e eficazes. A proposta da nova evangelização é justamente essa, a de ir ao encontro daquelas pessoas que necessitam não só de condições mínimas para viver, mas que perderam o sentido da vida.

Portanto, que a comunicação da Igreja, a nossa comunicação e a comunicação do mundo todo seja para valorizar a vida e gerar ações de solidariedade entre todas as pessoas. Vale ressaltar que as relações virtuais não substituem o contato pessoal. Por isso, saibamos construir relações autênticas de amizade e de paz, independentemente do número de amigos que temos em nossa rede social, mas que sejamos verdadeiros naquilo que somos, fazemos e professamos, e tenhamos pessoas assim ao nosso lado para que a nossa vida e a das outras tenham sentido, não somente existencial, mas espiritual. 

Ainda, a comunicação nas redes sociais precisa ser compreendida não como portas de saída da realidade, mas extensões capazes de enriquecer a nossa capacidade de viver as relações e partilhar informações, bem como uma oportunidade para darmos sentido a nossa vida e buscarmos a verdade no modo de ser e agir. Estejamos sempre online para essa realidade que nos transforma e que deve gerar a justiça, a fraternidade e o amor. E por fim, que a exemplo de São Francisco de Assis, nossa vida tenha sentido a partir de uma comunicação que seja instrumento da paz no mundo!

 (Diego Santos é Jornalista bacharel em Comunicação Social pelo Instituto Superior de Ciências Aplicadas, Pós Graduando em Comunicação Social pela PUC - COGEAE e seminarista da Diocese de Limeira – SP graduando do 2º ano de Filosofia pela PUC- Campinas. Foi coordenador diocesano da Pastoral da Comunicação e atualmente é pesquisador em Comunicação Organizacional, Institucional e Estratégica).

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